
Apresentação
A Central, em 2020, possui quase 2000 PGs. A igreja criou uma estrutura para que em menos de um ano a pessoa esteja apta a liderar uma célula.
O Samyr conversou com a gente sobre os princípios que devem ser o alicerce da formação de líderes de uma igreja em células saudável.
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Como você enxerga a importância de uma capacitação estruturada para a formação de um líder de célula com excelência?
Bem, quando você fala de igreja em células, ou igreja com pequenos grupos multiplicadores, você tem dois ambientes para a formação de líderes: a célula e a igreja.
A célula é o ambiente principal. O líder de célula deve ter como alvo não apenas multiplicar o seu PG, mas multiplicar-se a si mesmo em outra pessoa, ou seja, gerar um novo líder. E afirmo isso a partir do princípio bíblico que diz, por exemplo, que cada semente gera de acordo com a sua espécie (Gênesis 1:11).
Então o líder de PG, no pequeno grupo, de maneira informal e relacional deve evangelizar, consolidar, discipular, treinar e assim gerar novos líderes.
O segundo ambiente é a escola de líderes, que apesar de ser secundário é também importante, porque ali acontece a capacitação formal, institucional e podemos dizer que essa capacitação existe para garantir o padrão da capacitação, para estabelecer um prumo, uma referência. E também, de alguma maneira, manter a qualidade da preparação do novo líder de um pequeno grupo multiplicador.
A escola de líderes está presente pra estabelecer um padrão. E o líder de célula, nesse contexto informal e relacional, irá ministrar para o seu líder em treinamento da sua experiência.
Mas a experiência de nenhum líder de célula será completa. Todo líder tem seus pontos fortes e seus pontos fracos. Então, o CCM, como escola de formação de líderes, entra apresentando tudo de maneira formal, institucional, reafirmando os pontos fortes do líder, mas também corrigindo seus pontos fracos.
Veja no meu caso com meu filho Samuel. Eu e a Letícia, minha esposa, não temos certas habilidades. Eu não tenho algumas capacidades para trabalhar na vida dele. Por exemplo: com pintura, que é o momento que ele se encontra e mais tarde eu não vou ter a capacidade de trabalhar com ele, sei lá, Geografia. Aí então, como a educação dele vai além de comportamento e de conduta, ele precisa de outros elementos. Eu conto aí com as escolas infantis, fundamentais e etc.
Com relação às igrejas que estão fazendo essa transição para a visão celular, o que que você enxerga como essencial nesse ambiente?
Eu diria que nesses casos a figura principal é o pastor presidente. O pastor sênior da igreja.
Esse pastor deve primeiramente se preparar o melhor possível. Lendo, pesquisando, participando de seminários, de conferências, visitando igrejas em células. Investir nele de modo que a sua mentalidade seja transformada e, entre aspas, se seja um expert de igrejas em células mesmo sem ter a experiência prática.
A partir disso, o pastor sênior é quem vai, após alguns outros passos, abrir as primeiras turmas da escola de líderes. É ele quem deve formar os primeiros líderes, supervisioná-los na prática da célula e quando já houver PGs estabelecidos, líderes multiplicados e até mesmo novos supervisores, aí sim, é que ele poderá já começar a contar com esses supervisores e líderes para serem professores.
Eu penso que o ponto fundamental é o pastor estar bem preparado para formar e supervisionar os primeiros líderes tanto na escola quanto na prática.
Em que você diria: "Erre em qualquer coisa, mas não nisso aqui. Senão te trará muitos problemas na transição para a visão celular?"
Dois pontos: O primeiro erro é o pastor principal delegar pra outra pessoa o papel de ser o professor das primeiras turmas de formação de líderes e de supervisionar as primeiras células. O pastor que faz isso está abrindo as portas da divisão ou do fracasso do modelo na sua igreja, ele tem que estar à frente.
O pastor que faz isso está abrindo as portas da divisão da igreja ou do fracasso na implantação da visão celular. O pastor sênior deve estar à frente.
O segundo erro é a pressa. A pressa para que as coisas aconteçam, seja na ministração dos cursos, seja na abertura das primeiras células, seja na multiplicação dos primeiros grupos ou até mesmo transição para o modelo celular.
Nesse momento a busca por um crescimento explosivo não é legal.
Falando da transição da Central para a visão celular. Como que foi o processo?
Antes das células a Central tinha uma escola bíblica dominical que tinha, se eu me engano, 6 cursos e cerca de 90 alunos.
Com a chegada das células, tudo começou com o Pastor Paulo Mazoni abrindo turmas de escolas de líderes e, no início, a escola bíblica e a escola de líderes conviveram juntas. Talvez isso tenha acontecido nos primeiros 3 anos.
Só que com o passar do tempo, a escola de líderes foi engolindo a escola bíblica e logo chegou-se a conclusão de que estava havendo uma concorrência negativa entre ambas.
Então o Pastor Paulo Mazoni reuniu um grupo de líderes da igreja, do qual eu fazia parte, para que nós pensássemos uma nova escola. Ou seja, iríamos derrubar a escola bíblica e levantar uma única nova escola. Então aí, a partir de algumas reuniões e de conversas, nós propusemos e implantamos em 2004, se não me engano, o CCM.
Começamos com 4 níveis:
- Primeiro Passos: para os candidatos ao batismo;
- Básico: visando a maturidade espiritual;
- Treinamento: focado a formação de líderes de célula;
- Cursos avançados: Para aqueles que já tinham concluído esses outros 3 níveis.
Quais foram as maiores resistências encontradas, por parte da igreja, ao processo?
A resistência à visão celular sempre vem de quem já faz parte da igreja. Os que estavam na igreja por há pouco tempo, eles não se opuseram. Mas os da velha-guarda, vamos assim dizer, que tinham a escola bíblica dominical naquele modelo como um valor inegociável não gostaram e alguns chegaram a até mesmo sair da igreja.
Nesse cenário não é interessante manterem juntas a escola de treinamento de líderes e a escola bíblica dominical?
Enquanto você está em transição sim. Mas acredito que permanentemente não.
Vamos dizer o seguinte, vamos supor que nós tenhamos um trem de 20 vagões, ele está correndo em um trilho vermelho, mas logo a frente tem um trilho azul. Então, durante um tempo você terá uma parte dos vagões nos trilhos azuis e uma outra nos trilhos vermelhos.
Mas chegará uma hora em que todos os vagões já terão superado ali os trilhos vermelhos e estarão todos nos azuis, então quer dizer, chega uma hora que a transição acaba.
A palavra transição é fundamental. Durante os 3 anos de transição as duas escolas estavam coexistindo, mas chegou uma hora que todos nós concluímos que não dava mais, a gente precisava de uma escola só. Uma que atendesse todos os objetivos pertinentes de uma igreja.
Então todos os representantes foram chamados, tanto os da escola de líderes quanto os da escola bíblica. Todo mundo se reuniu e a proposta foi aprovada e implantada.
E assim, eu não tenho a menor dúvida de que o CCM superou em muito a EBD e que ele até foi mais bem-sucedido na tarefa de capacitar e ensinar, biblicamente falando, do que a escola bíblica dominical que chegou a ter um máximo de 100 alunos enquanto hoje o CCM já teve mais de 2 mil.
Como é o processo de formação de novos professores?
Olha, nós temos alguns requisitos para que a pessoa seja um professor do CCM. Primeiro é que seja um líder de célula e junto a isso, obviamente, que ele tenha feito os cursos do CCM.
Já que o CCM é uma escola de formação de líderes, para nós não faz sentido o professor não ser um líder, então a pessoa sendo um líder de célula, ela pode se candidatar.
A partir disso eu tenho um questionário, com mais ou menos 13 perguntas, que eu envio para a pessoa interessada. O objetivo é saber o seu perfil e experiência. Eu quero saber, em linhas gerais, qual é o compromisso e o histórico dela com a Central, qual é a sua bagagem enquanto líder de célula e qual é a experiência dela com o ensino, especificamente ensino bíblico, e também qual a disponibilidade dela.
Se eu achei uma pessoa párea pra conversar, explico todo o CCM e apresento os cursos. Mas não do ponto de vista do aluno, mas do professor, mostro a lógica, a filosofia de cada um dos cursos e também apresento a metodologia de ensino do CCM, que é a andragogia, ensino para adultos.
Em seguida eu coloco essa pessoa em treinamento com outro professor. Ela vai acompanhá-lo durante as aulas do curso em sala de aula, ouvindo, prestando atenção no professor. O professor titular deverá dar a essa pessoa em treinamento a oportunidade de dar uma aula.
Nessa uma aula ela será avaliada pelo professor a partir de uma ficha de avaliação. Recebo a ficha e se ele for bem avaliado já pode assumir uma próxima turma.
Todos os professores são avaliados pelos alunos em um questionário de 10 perguntas que avalia desde o conhecimento e conteúdo, até postura e comunicação. Essas avaliações são tabuladas e geram um relatório.
Se o professor é bem avaliado eu mando um parabéns pra ele e segue em frente. Se não eu o chamo pra conversar, abordo os pontos em que não foi bem avaliado, dou ali um pequeno treinamento prático. Por fim ele volta para sala de aula.
Então não há nenhum treinamento formal. Entretanto, eu me reúno com os professores 3 vezes por ano: no início do ano, no início do segundo semestre e no final do ano em reuniões onde nós temos palavras de inspiração, onde nós temos palavras também técnicas de treinamento, de andragogia, alguma coisa assim, além de questões mais organizacionais.